Um amor de terra é chão. É estranho chão que o fogo do peito entende.
Nós que em chamas corremos pelo mundo entendemos o chão, lançamo-nos como quem não o tema choque, como quem não o teme estrada.
Um amor de terra é montanha, é desafio que lutamos para alcançar, é visível monstruosidade insuperável que nos anima a aprender a agarrar pedras arrancar a fórceps o desejo de voar, de chegar ao topo e rir, rir com escárnio do antigo medo do impossível.
É como se aquela aridez fosse uma segurança acariciadora, como se a aridez escondesse, mal escondido, um leve sorriso que nos afaga, um olhar que nos anima a ir, ver e vencer.
Não somos realistas decerto, não, não somos, a Terra é, nós não, não somos calmos, não esperamos, não ocultamos o querer, o desejar, o ir, o voar, o doer, mas não choramos sem queimar planos, planetas, imensas porções de terra. Somos assim como quem não sabe o fluxo da emoção sem uma explosão final plena de estilhaços de vidas, emoções, amores, dores, estradas e ócios.
Um amor de Terra não nos desengana, não nos engana, não nos torna mais brilhantes ou melhores, nos ensina a pisar, e nos ensina a correr, e assim gastamos o fogo tornando o calor uma forma de cozinhar filmes, flores, sabores e o som do afago.
E assim amamos, como quem queima, como uma fogueira que aquece antigos mundos.
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