Não é sobre meu mundo,
É sobre as instâncias todas que nos condizem homem
Homens são senhores
Homens são figas, calos, cores
Não é sobre o mundo
É sobre as surpresas algozes que permeiam os nomes
É sobre todas essas mulheres
Essas casas
Essas castas
Essas coisas que me fazem ser instante
Em sins, em jograis, em folhas, em árias, em paz.
Não é sobre o mundo
Nem é sobre as gentes, os homens e seus nomes
É sobre um sentido, a fome de sentir e de ter fome.
Espelho estradas e passos, calmas, incêndios drogados
Vejo velas, vejo janelas, morros, aspas
Mil favelas
E nasço de novo integrado
O mundo me move.
Não é sobre o mundo
Nem é sobre as vozes e os "porquês"
Nem sobre onças, nem sobre o "onde'
É sobre esse espaço, esse estrado
Esses corpos que mostro
É sobre o vislumbre
O próximo
O longínquo
O "quem".
Escavo ruas e largos
Bondes, ternos listrados
E na velha vil janela dos meus olhos me calo
Me torno sussurro.
Não é sobre o mundo
É sobre riso
E o ver as ruas, as vidas, os cansaços
É sobre o amor, sobre você
Cidade, trem, ônibus, sol raiado.
Me deixo ser levado, conduzido, migrado pelas telhas, pelas frestas, pelos segundos sagrados
Deste longo hoje.
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