segunda-feira, dezembro 23, 2002

Sobre Samba, retirado do Site http://www.hpdocarlos.kit.net/samba.htm


S a m b a






Gênero musical de compasso binário e tipo de dança de origem afro-brasileira. De ritmo sincopado e andamento variado, é tocado com instrumentos de percussão e tem como base o violão ou o cavaquinho. As letras falam da vida urbana ou de amor.

A palavra samba, entre os quiocos de Angola, significa "cabriolar, brincar, divertir-se como cabrito"; entre os bancongos angolanos e congoleses, "dança em que um dançarino bate contra o peito do outro". As duas formas têm a mesma origem do termo quimbundo di-semba, que quer dizer umbigada – coreografia na qual os participantes se tocam pela barriga. O gênero deriva de danças de roda africanas, como o lundu, e, sobretudo, do maxixe, o primeiro bailado brasileiro, criado por volta de 1875. Vindo da Bahia, seu erotismo escandaliza a aristocracia do Rio de Janeiro no final do século XIX.

A primeira gravação de samba é Pelo Telefone, em 1917, cantada por Bahiano e composta por Mauro de Almeida (1882-1956) e Donga (1889-1974). Mais tarde, a música espalha-se pelo Brasil e domina o Carnaval. Nessa fase, os principais nomes são Sinhô Ismael Silva (1905-1978) e Heitor dos Prazeres (1898-1966). Nos anos 30, o samba passa a ser difundido pelas rádios. Como grandes compositores destacam-se Noel Rosa autor de Conversa de Botequim; Cartola de As Rosas Não Falam; Dorival Caymmi de O Que É Que a Baiana Tem?; Ary Barroso, de Aquarela do Brasil; e Adoniran Barbosa 1910-1982), de Trem das Onze. Entre os intérpretes, Cyro Monteiro ganha projeção nacional com Falsa Baiana, de Geraldo Pereira (1918-1955), autor importante do samba de morro carioca. De uma geração mais nova, sobressaem Paulinho da Viola, Jorge Aragão, João Nogueira, Beth Carvalho, Elza Soares, Dona Ivone Lara, Clementina de Jesus, Chico Buarque, João Bosco e Aldir Blanc. Os mais importantes nomes do gênero, de diferentes épocas, são Pixinguinha, Ataulfo Alves Carmem Miranda, Elton Medeiros, Nelson Cavaquinho, Lupicínio Rodrigues, Aracy de Almeida, Demônios da Garoa, Isaura Garcia, Candeia, Elis Regina, Nelson Sargento, Clara Nunes, Wilson Moreira, Elizeth Cardoso, Jacob do Bandolim e Lamartine Babo.

Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo – Os sambas mais conhecidos são os da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo. O samba baiano é mais próximo do lundu e do maxixe, com melodia simples, muito balanço e ritmo repetitivo. Obedece à forma verso-e-refrão; sem o refrão, é denominado samba-corrido. Uma de suas variações é a lambada, derivada direta do maxixe. No Rio de Janeiro, o gênero surge como samba-de-roda nos morros. Dele se origina o samba urbano, que se espalha por todo o Brasil. É quebrado, com mais suingue, de partido alto, um meio-termo entre o samba baiano e o paulista. As letras apresentam forte conteúdo social e aspectos da terra, muitas vezes em forma de crônica. Em São Paulo, o samba passa do domínio negro para o caboclo. Preocupa-se mais com a harmonia, a melodia e a elaboração, devido, em parte, à influência italiana. Era dançado por pares abraçados.

Principais tipos de samba:

Samba-enredo–Estilo criado no Rio de Janeiro nos anos 30 para os desfiles das escolas de samba. É a descrição do tema desenvolvido pela escola. Até a década de 60, tem letras longas que exaltam principalmente a história do país, seus personagens, o folclore e a literatura. A partir dos anos 70, os temas incluem crítica social e política e aspectos da cultura popular universal.

Samba-canção–Ritmo lento que destaca a melodia. Criado nos anos 20, possui letras românticas e sentimentais. Alcança sucesso com Ai, Ioiô (1929), de Luís Peixoto (1889-1973).

Samba de partido alto–Uma das formas mais antigas de samba com formato fixo de canção. Era o estilo dos grandes mestres. As letras são improvisadas sobre temas do cotidiano. Renova sua força nos anos 40 nos morros cariocas e nas escolas de samba. Os compositores Moreira da Silva (1902-), Martinho da Vila (1938-) e Zeca Pagodinho estão entre seus principais nomes.

Pagode – Nascido em São Paulo, é vagamente ligado ao partido-alto – a melodia é fácil, linear e repetitiva, como o sambalada. É o chamado samba de fundo de quintal, comum também na Bahia e no Rio de Janeiro. Com letras românticas, usa instrumentos de percussão e teclado. Destacam-se os grupos Fundo de Quintal, Negritude Jr., Só Pra Contrariar, Raça Negra e Katinguelê.

Samba de breque–Ritmo sincopado com paradas súbitas chamadas breques, que permitem ao cantor encaixar comentários, geralmente humorísticos. Um dos mestres é Moreira da Silva (1902-).

Samba carnavalesco–Sambas compostos para dançar e cantar nos bailes de Carnaval.

Samba-choro–Aproveita o fraseado instrumental do choro, com a voz substituindo a flauta. Surge em 1930.

Samba-exaltação – Possui melodia extensa e letra patriótica, com ênfase no arranjo orquestral. Um exemplo é Aquarela do Brasil, de Ary Barroso gravada em 1939 por Francisco Alves.

Samba de gafieira–Modalidade sincopada e instrumental criada na década de 40 pelas orquestras de salão, feita para dançar.

Samba de quadra–Temas apresentados nas quadras de ensaio das escolas de samba, terreiros, encontro de sambistas, almoços, festas e aniversários.

Sambalada–Ritmo lento e comercial da década de 50 conhecido como balada. Corresponde ao típico pagode paulista dos anos 90.

Sambalanço–Nasce nos anos 50 nas boates cariocas e paulistas, com influência do jazz. Um dos expoentes é Jorge Ben. Evolui para uma mistura de bossa nova, maracatu, jongo e rhythm & blues, dando origem ao samba-rock

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