A vulnerabilidade que a paixão causa me assusta.
Sim, vulnerável, entregue, apavoradamente entregue.
E como negar que apavoradamente amando, gostando por um lado, detestando por outro.
Entregue sim, entregue. Alvo, visível, com medo de ir, de não ir, perdido em meio ao tiroteio de milhões de informações, do desejo, das "famas de mau", da pele, do coração, das carências, dos ciúmes insanos, dos medos do futuro, do medo da ausência.
A vulnerabilidade me assusta. E o medo me prende como a um circulo de inferno onde talvez em movimento diverso a coragem ariana tenha de se manifestar, como se um plano maléfico, insano e kitsch de uma alma que precisa de piruetas e tobogãs, incêndios, para sentir-se viva.
A urgência me toma, e a batalha entre medo e desejo, entre medo de um futuro incerto e de um presente distante combate a firmeza precisa e necessária que a paciência exige, que o racional explica.
Ao fundo o sabor da presença, do corpo, da alma, das letras, do querer, garante a salada de emoções que me tornam isso, esse fulgir, esse fogo intenso que se perde em si mesmo e se devora.
Como pensar? Como saber que tudo o que pensa-se na loucura deste vulcão de intensidade é, antes de mais nada, seu, apenas seu, impresso em si mesmo, criado e alimentado por si?
Talvez o dedilhar das letras, o acalmar pelos sonhos, o ver o sorriso, o saber-me entregue a ti na bandeja da ausência de orgulho, embevecido pelo senso de urgência de um amor que incendeia, talvez tudo isso torne-me melhor, inteiro e vivo.
Talvez isso cale o medo insano de ser pequeno demais pra um amor que tal monta exige.
Talvez alimente o saber a exigência de ti por ti, de teu mundo, de teu tempo, que é mais silêncios do que expansão.
Teu silêncio me atinge como quem torna-se iceberg.
Teu amor me atinge como quem preenche e explode.
Não me sei mais, não me adéquo, não me controlo.
Devoro-me em dúvidas, incertezas e um amor que a tudo aquece e torna insano.
Não sofro, pelo contrário, apenas vivo. Não dano.
Não dano-me neste incêndio que a tudo intranquiliza, incendeia, transtorna e transforma.
Não sei sentir de outra forma
No mecanismo de meu amor está embutido o desejo da urgência, o perigo do fim, do estrondo, do desamarrar de um ser que se oculta, que se pega cotidianamente buscando ser a pequenas gotas. em meu amor está talvez embutida a certeza do fim aliada à plenitude do ser, do ser inteiro.
Entreguei-me e, sim, estou preso por vontade e tenho por quem me mata lealdade, parafraseando Camões.
Queimo-me, devoro-me, choro, grito, canto, espero, mendigo um som, uma linha, um gosto de ti.
Faço isso por mim. Faço isso por saber-me medo, e por saber-me superador dele.
Sinto saudades, sinto medo de nunca mais ver-te.
Sinto um amor inteiro de cuidar-te.
Não sei dizer.
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