Há coisas que se fazem prontas nas vidas pelaí.
Há coisas que se constroem de subterrâneas lógicas, de falhas nas brechas racionalizantes do real.
Nem tudo se explica com o verbo, ou com a lógica, nem tudo. Nem tudo obedece a cardápios dourados de formas-pensamento e modus operandi. E acreditem sou razoavelmente detentor de algum tirocínio em matéria de pensamento e práxis.
Há laços e construções de vidas, há tijolos que fazem o alicerce do cotidiano e da felicidade que são em si mesmos desafios a modelos concretos de explicação, e que, embora possam ser explicados pelo viés simplesmente racional, perdem o subjetivo e a totalidade apenas com ele.
O mundo é ele e suas circunstâncias (paráfrase de Gasset na veia). Somos nós, nosso imaginário, nosso concreto, nosso viés, nosso amor, nossa dor, nosso mundo.
Somos nós e o mundo.
Essa relação, como todas, se dá por tantas variáveis que por vezes o complexo se torna factível, palpável, e normal, cotidiano, de simples explicação. E por vezes o simples, o leve, o claro fica oculto e estranho, hermético.
Confesso que enxergo o mapa do complexo com imensa facilidade: o desenho, o projeto, o desarmo, mas o simples, o pequeno, me intriga, me golpeia, me desarma.
O amor é um desses trens que mal entendo ao ver, tal sua simplicidade. Sou pego por ele, golpeado e levado ao chão. E ai imerso, entregue, alvo fácil passo a entender as profundas redes que o levaram a me acolher em seu interior.
O amor por Luciana é simples, foi um golpe, uma sorte, um pousar de aves no mar, simples, belo, leve. A trama que o envolveu pode ser explicada pelo encanto intelectual, pelo bailar das letras, pelos textos, pelas tiradas, pela foto, pelo gargalhar. Mas ele em si? não, ele é simples, ele é o riso, o pé no chão, a cerveja e o bar de cadeira de plástico, aberto, sincero, claro, intenso, vivo.
Sua presença idem, é simples, é um preencher.
Não, não é uma metade de laranja ou uma alma gêmea, ela não sou o meu eu que falta. Ela é ela, e por isso a amo.
Há coisas que se fazem prontas nas vidas pelaí. Há coisas que se constroem de subterrâneas lógicas, de falhas nas brechas racionalizantes do real.
A simplicidade é uma delas e o amor seu filho dileto.
Luciana é uma força que me toma e me faz tanto eu quanto possível, tão intenso, entregue, pensante, escrevente, letrado, iletrado, ogro e dela quanto existe isso em mim. Luciana é meu poema mais simples e o mais profundo verso existente em mim.
A tudo vejo como se um presente a ela.
É dela meu riso.
E sim, isto é uma declaração de amor.
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