terça-feira, março 20, 2012

Sim, isto é uma declaração de amor.

Há coisas que se fazem prontas nas vidas pelaí. 

Há coisas que se constroem de subterrâneas lógicas, de falhas nas brechas racionalizantes do real.

Nem tudo se explica com o verbo, ou com a lógica, nem tudo. Nem tudo obedece a cardápios dourados de formas-pensamento e modus operandi. E acreditem sou razoavelmente detentor de algum tirocínio em matéria de pensamento e práxis.

Há laços e construções de vidas, há tijolos que fazem o alicerce do cotidiano e da felicidade que são em si mesmos desafios a modelos concretos de explicação, e que, embora possam ser explicados pelo viés simplesmente racional, perdem o subjetivo e a totalidade apenas com ele.

O mundo é ele e suas circunstâncias (paráfrase de Gasset na veia). Somos nós, nosso imaginário, nosso concreto, nosso viés, nosso amor, nossa dor, nosso mundo.

Somos nós e o mundo.

Essa relação, como todas, se dá por tantas variáveis que por vezes o complexo se torna factível, palpável, e normal, cotidiano, de simples explicação. E por vezes o simples, o leve, o claro fica oculto e estranho, hermético.

Confesso que enxergo o mapa do complexo com imensa facilidade: o desenho, o projeto, o desarmo, mas o simples, o pequeno, me intriga, me golpeia, me desarma.

O amor é um desses trens que mal entendo ao ver, tal sua simplicidade. Sou pego por ele, golpeado e levado ao chão. E ai imerso, entregue, alvo fácil passo a entender as profundas redes que o levaram a me acolher em seu interior.

O amor por Luciana é simples, foi um golpe, uma sorte, um pousar de aves no mar, simples, belo, leve. A trama que o envolveu pode ser explicada pelo encanto intelectual, pelo bailar das letras, pelos textos, pelas tiradas, pela foto, pelo gargalhar. Mas ele em si? não, ele é simples, ele é o riso, o pé no chão, a cerveja e o bar de cadeira de  plástico, aberto, sincero, claro, intenso, vivo.

Sua presença idem, é simples, é um preencher.

Não, não é uma metade de laranja ou uma alma gêmea, ela não sou o meu eu que falta. Ela é ela, e por isso a amo.


Há coisas que se fazem prontas nas vidas pelaí. Há coisas que se constroem de subterrâneas lógicas, de falhas nas brechas racionalizantes do real.

A simplicidade é uma delas e o amor seu filho dileto.

Luciana é uma força que me toma e me faz tanto eu quanto possível, tão intenso, entregue, pensante, escrevente, letrado, iletrado, ogro e dela quanto existe isso em mim. Luciana é meu poema mais simples e o mais profundo verso existente em mim.

A tudo vejo como se um presente a ela.

É dela meu riso. 

E sim, isto é uma declaração de amor.



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