Meus olhos são afluentes de algum mar
Quando vejo cores, dores, voz e fé
Quando entendo com o peito uma forma de voar
Quando esqueço destes solos que me traduzem os pés longe do chão.
E em riste segue assim o coração
Como quem descobre a sorte, a luz ou o fim
E andando qual desacordado na invenção
Cria-se ave danada, paixão, querubim.
A cruz, a luz, o som e o acordeon que jazem em mim
Reproduzem mouriscas formas de um Deus
E espalhado em cacos, inteiro então por fim
Claudico nas dunas e nas ruas que me fazem teu.
E nascendo como quem vai pro altar
Desdito pelas canções dos próprios pés
Crio um verso que de joelhos sobe a Penha sem as mãos
E deixa como pista um vislumbre dos rios da fé.
E meus olhos, afluentes de algum mar
Com seus deltas, suas armas e seus pés
Deita a glória do seus prantos feitos de dor e amar
De uma alegria que tem asas
E de amor até.
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