Amizade me dói um pouco peito pela necessidade. A percepção da necessidade do amigo se dá menos pelo próximo e mais pelo diverso, pelo contraponto, pela construção. De mim basto eu, de tu nada basta.
Não sei se desengano o egoismo ao amar, acho que não, autoritarizo como sempre, mas me acabo ao ver o outro indo, longe de mim e me percebo mutante para que caiba sempre mais de todos em mim, para que seja eu uma espécie de tudo.
Como um menino que se fecha e morde ao pegar seus brinquedos e recua ao ver que sem amigos a vida descolore. Como diria meu pai: "As marionetes se rebelaram?".
Em todo meu amor é isso, é assim, sou este que renega o avanço, o encontro e a descoberta e se ressabia de ser, até ver que sem rir, ir e voar nada se alcança.
E ai corujo, me esbaldo no saber o outro, mesmo um saber pequeno, mal feito, mal perguntado, mal sabido, intuído e chorado, doído.
Talvez não seja único, nem sequer o maior amador, mas amo e corujo o outro, me sinto assim como entregue na obrigação de ver naquele outro o maior, e não porque não o seja, mas porque é tão grande aquele sol que emociona por saber nele uma forma de vida inteira, que sem o elogio, o beijo, o abraço e a admiração os demais cegos que povoam a terra estariam perdidos.
Corujo o outro pois o preciso rindo, o preciso feliz e o preciso imenso. É um egoismo, é meu, é assim, não sei como não o ser.
Amo assim, ela, as irmãs, as amigas, os pequenos, o irmão, os amigos, os cães.
Amo como quem se perde no prazer de ver o outro ser imenso.
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