Sou do porto
Ouço negros africanos cantando cuba
Nordestinos Bob Dylaneando pelas Paraibas e Cearás
Traduzo idish em Baiões inventados na Água Santa
Reduzo o planisfério à Madureira.
Sou da Cepa dos ouvidos mercadores
Dos mascates lusos
Dos batuqueiros árabes
Das montanhas do Líbano
Sou da trilha da Madeira
Sou negro
Nasci nas Gerais, morri nas Gerais
Meu Grande Sertão vê rendas
Meu Sertão é a Brasil
Meu mundo é a Avenida.
Minha dor é o 384
É a curva fechada
O café frio
O medo da morte
O medo da vida
A raiva do corte.
Nasci mermão, meu cumpádi!
Nas quebradas do medo sou da lenha que se queima andando
Enquanto filma o firmamento
E malasarteia Jobim.
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