quinta-feira, janeiro 12, 2006

A intricada trajetória do incerto

Busquei escrever poemas pra sentir o soco no peito
O soco duro de um sentimento guardado
E escrevi como fábrica, como dedos e máquina
Os perdi
Os encontrei
Nas encruzilhadas de caminhos
Que encontram-se por aí
Sós
Perdidos ou não.

A cada encruzilhada pergunto-me o sonho
E ele retribui dando a súbita integridade do olhar
Tanta coisa brilha que é impossível a paixão não domar-nos
Mesmo as paisagens mentirosas
Nos trazendo certo som que não contribui com a rima.

O amor
Este súbito penetra do poema
Quase combustível de vida e alma
Põe-se a testar o limite da fé
Não o culpo
A poesia em mim ventada
Ensina-me nos genes
Que a arte de amar
É o sacerdócio do explodir
E esticar a linha do mundo em nosso peito
Até seu rompimento.

Por isso quando amo
Deixo-me
Sou outro que não eu
E meus versos acompanham a solidão e o desejo
A carência que nubla os olhos
E arde nos dedos e peitos.

Assim, amada
Cada verso meu
É apenas o significado do egoísta sentimento de querê-la
Numa santificada história
De cerco e dúvida
Onde meus dedos
São artíficies do encanto
E algozes da calmaria
Ao entregarem-me a ti
Sem protocolos invisíveis
Métricas ou rimas rebuscadas
Apenas esta explosão
Que vê em ti o grande amor
Aquele mesmo que sorri entre navalhas
E faz da vida a intricada trajetória do incerto.

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