segunda-feira, janeiro 30, 2006

Liberdade: Muito mais que teoria

Discutir liberdade é complicado.

A lógica da liberdade em si, no mundo de hoje principalmente, tende a confundir a liberdade com vôos soltos por aí, como se preços não houvessem.

Outro problema que ocorre normalmente é a penetração no ideário particular, ou mesmo coletiva, da lógica liberal de liberdade, direito automático de fazer qualquer coisa, desde que com dinheiro, além de liberdade ser a plena expressão do que se é. Esta contaminação cultural nem sempre permite que a compreensão da liberdade se expanda de forma nítida. Cria uma falsa noção de liberdade, quando no máximo somos escravos felizes e bem alimentados.

Liberdade, em um conceito que acredito, é o total controle sobre nossas vidas, que vai desde a manifestação cultural individual ou coletiva até a forma de lidar com o amor, com a construção de um mundo, recebendo a dádiva disto, mas também os preços da cada ato. Como uma música do Raul Seixas dizia: ?Direito de ser carregado ou carregar gente nas costas.?.

O problema básico desta noção de liberdade é que ela enfrenta de forma clara toda uma formatação de mundo que confunde Responsabilidade com Prisão e delimita os espaços de expressão de vida à quantidade de dinheiro existente na carteira, ou seja, no mundo hoje liberdade é para quem pode e não para quem quer. Quem não pode dança na escravidão total: Intelectual, emocional, produtiva, etc.

Então se chega à conclusão óbvia da necessidade de enfrentamento das condições limitantes à liberdade real. Um enfrentamento constante e global que permita a todos os indivíduos o usufruto desta liberdade.

Este combate tem em si mesmo o paradoxo normal a tudo o que contém diversidade, e o paradoxo intrínseco à mesma liberdade. A diversidade causa divisão e lógicas diferentes de combate, óticas diversas de como combater. Alguns buscam a institucionalidade mesma que inibe à plena existência da liberdade, outros buscam no individualismo outsider este combate, terceiros buscam organizar-se de forma a lutar por um rompimento rápido e clássico com os grilhões do atual sistema. Há erro nesta divisão? Não. Há erro na manutenção desta divisão no plano do combate aos grilhões.

Anarquistas, Socialistas, Comunistas, todos buscam o enfrentamento do máquina de moer carne capitalista, todos buscam o rompimento deste grilhão produtivo, cultural, intelectual e todos querem a liberdade de forma ampla. Alguns vêem a mesma com mais limitação econômica, outros de forma plena. Porém somos todos os soldados da mesma guerra.

A liberdade é o alvo necessário, é a única forma de real evolução humana, e esta é uma consciência que deve ultrapassar toda e qualquer limitação de ótica teórica. Ou a teoria é mais realista que o Rei? Ou a teoria substitui completamente a simples e óbvia observação do fato real? Será realmente que cada miserável à nossa frente é um ator de filme de quinta? Nossas divergências podem realmente ser mais fortes do que estas cenas?

Estas perguntas não têm nenhuma inocência, não busco aqui colocar a paz na terra aos homens de boa vontade, e nem transformar inimigos ferrenhos em fraternos Santos de Da Vinci, mas tentar uma conscientização óbvia. Somos fracos em nossos guetos e mesmo unidos, precisamos de mais que belos discursos, precisamos de uma união que toque ao máximo a população que deveríamos defender e conscientizar. Porque Liberdade é grande demais para viver em nossas mentes e corações. Ela precisa ser tão solta quanto seu conceito.

Esta é nossa responsabilidade.

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