sexta-feira, janeiro 27, 2006

Serei-me hoje

Pilatos em filmes da Tv
Parece nuvem, aparecem lábios
Inventários redundantes de saber
Amor perplexo e encadernado.

Vagabundo solto-me por aí
Escolho torres, montanhas, lagos
Como um Deus de feroz sorriso
Algoz do Eu
Pilantra em versos e novos saltos.

Tudo isso é cruz ou milagre
Feito luz?
Tudo isso é felicidade
Ou é bobeira de inverso aprendiz
De tudo o que ri
Em nome de todo amor
Em nome cujo nem sei mais lembrar?
Eu gosto mesmo de me apaixonar
E soltar-me entre as esferas
Mundos feitos sobrenome
Tabaco doce.

Subúrbios rebatem no meu ser
Um samba novo ou velho, usado
Acordes, violas e eu mesmo
Serei um arlequim cansado?

Brilhante é notar que não há sorriso nú
Paixões voam ao ar
E mares de gibeira me revelam a mim
Eu que vim por aqui
Fugindo de um velho calor
Das maresias que fizeram mar
E hoje saudosas de me encantar
Propõem coisas de festas
Carnavais nem tão distantes
De cores
Feitas de aqui e alí
Onde eu mesmo me vim?
Serei um novo bom ator
Um resmungo de qualquer lugar?
Rapsódia nova a encontrar
Talvez revele-me a certa
Intenção que perdi ontem
Serei-me hoje.

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