sexta-feira, agosto 18, 2006

Dias nublados

O tempo me muda, menina
As nuvens tão negras
Transformam as rosas
Num espelho magoado do céu
E na minha confusão abunda
O medo do íntimo
O medo de olhar acordado
Pro fel
Que estende suas mãos tão calado
No poço profundo do delírio, de toda ilusão
Assistindo a fita do verso, do encanto
Da dor dos instantes sem canto.

As ruas tão ricas, já mudas
Com o negror do tempo
Fazem do olhar a busca do medo, do mal
Enquanto as melancolicas rumam
Refazendo preces
Ruminando fugas, e gestos banais.

Eu calo-me em vão
Sobre o peito o peso do enfado
A mágica de não florir
A perder do ar o intento estrelado que veio
Já nublado a me confundir.

É, meu bem, toda arte as portas encerra
Eu te lembro e ajuda na entrega
De um verso que fuja da festa
Destes trens que são nuvens nublado a minha visão
Que por vezes carente de sol e de sim
Reaprende a dura clareza do chão.

Perdão, meu bem!
Se não falo feliz qual poeta
Que despreende-se das ruas incertas
E encantado só a ti busca
Qual festa
Hoje além da estranha vontade de ser prisão
Eu me calo somente a querer-te assim
Tendo em mim o carinho do toque de tua mão.

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