Reconheço que sou talvez desterro
Água e vinho
Um vão tropeiro
A deitar-me sobre mil paragens
Vendo os céus mudarem de coragem
Saboreando a palha e a cortiça
Alva cama de Rainha que atiça
O destemor de talvez poeta aflito
Acostumado a perder no grito.
Reconheço a calma que abraça
Esta canção que desbasta o véu do amor
Reconheço a luz desta graça
Graça de encanto que alva
Tem teu negror.
Calo e obedeço como um pato
Escondendo meu pulo de gato
Vôo em torno de lua das conquistas
Luto e sangro como quem belisca
Participo do jogo com a raça
Destes que têm da vida o suor
E da caçada são ao mesmo tempo fera
E a flecha que corta à vera
Ar e corpo a atingir-se, Fera
ultrapassando os limites do jeito
Doce e terno de cutucar a graça
Ser-te onça
Servir-te a mim, senhor.
Como se enfim a graça
Fosse a marca que abarca todo ardor
Deste bambolear que agrada
Aos olhos que dançam em torno
Do teu fervor.
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