sexta-feira, agosto 04, 2006

Teu olhar

Espanta-me tuas linhas e tuas tantas
Vertigens causadas pela canção
Que hoje traz um olhar bem mais cigano
E o natural agir sem maior medo
Destas gentes que vão lá
Nascer lugar.

Pergunto-te sem maior razão
Se este brilho que refaz em mim a sina
Tem nas asas
Tua palavra?

Faço assim nova canção e te pergunto se as coisas
São teu riso
que refaz alma
E inté vida?

Como não ouvir enluarada
Viola de pó e de palavra
Que refletem teus cabelos negros
E induzem outros risos além do belo som da aurora?

Como não ver imensidão em solo
Terra que deságua em água
E em ócio?

Mostra-me esta invenção morena
Que cria dia bonito
E sorri-me
Novas horas.

Entre os chistes da razão nasce o incerto ressorrir
De cada palavra
E por isso
Olho a rua
E vejo a ti
Sinto a ti
Recriando a voz morena
Do verso que quiz cantar
Pra poder dizer
Sem pena
Que tua arte é teu olhar.

Nenhum comentário: